sexta-feira, 20 de maio de 2011
Apanhador de Sonhos
No vazio, a aranha
estica o primeiro fio
que se junta ao vento
para alçar o galho...
Quieta, ela acompanha
o movimento que dá asas
ao seu trabalho
Fio a fio, descarrila
Sobe, desce
Tece a armadilha
Entrelaça habilidosa
o círculo da vida
ao da morte pegajosa
Então,
despercebida espreita
o farfalhar aéreo
da borboleta
Assim,
de seu imperceptível
mundo medonho
o esbarrão terrível
apanha um sonho...
Ricardo Letenski
Foto: Aranha Tecedeira - São João do Triunfo - Rio da Vargem
domingo, 15 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Pinha
A tarde definha
o silencio se parte
contra o chão.
É o despencar das pinhas
esparramando pinhão.
Ricardo Letenski
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Manifesto da montanha
Gosto de ir as montanhas, porque elas estão lá. E olham, e olhando veem coisas que o nosso olho não vê, quando está na planície; mas da planície vejo as montanhas e é tão belo vê-las.
E por isso vou até elas e descanso em seus ombros antigos. Para ver o que elas veem.
E quando ando pelas montanhas, ando por andar. E quando olho, olho por olhar. Não vou as montanhas para fazer perguntas, para isso vamos à escola. Ando pelas montanhas e olho, mas não busco nada, por isso vejo as coisas que estão em meu caminho e não as que estão na minha cabeça.
Ando pelas montanhas como o vento que passa devagar e não deixa marcas. Ando pelas montanhas como se nunca tivesse andando e olho como se nunca tivesse visto. E é por isso que sempre volto.
Vou as montanhas, mas não quero ser chamado de montanhista. Porque ser montanhista é estar nas montanhas e se me chamam de montanhista é para dizer que não estou nas montanhas e se estou, então, para que dizer?
Quando estou nas montanhas, gosto de permanecer quieto, pois as montanhas estão sempre em silêncio; porque sabem o que precisam saber e por isso não falam. É como disse o poeta: “falar é não saber”, sendo, assim, não falo sobre as montanhas, pois elas estão lá...
Ricardo Letenski 06/01/20011
E por isso vou até elas e descanso em seus ombros antigos. Para ver o que elas veem.
E quando ando pelas montanhas, ando por andar. E quando olho, olho por olhar. Não vou as montanhas para fazer perguntas, para isso vamos à escola. Ando pelas montanhas e olho, mas não busco nada, por isso vejo as coisas que estão em meu caminho e não as que estão na minha cabeça.
Ando pelas montanhas como o vento que passa devagar e não deixa marcas. Ando pelas montanhas como se nunca tivesse andando e olho como se nunca tivesse visto. E é por isso que sempre volto.
Vou as montanhas, mas não quero ser chamado de montanhista. Porque ser montanhista é estar nas montanhas e se me chamam de montanhista é para dizer que não estou nas montanhas e se estou, então, para que dizer?
Quando estou nas montanhas, gosto de permanecer quieto, pois as montanhas estão sempre em silêncio; porque sabem o que precisam saber e por isso não falam. É como disse o poeta: “falar é não saber”, sendo, assim, não falo sobre as montanhas, pois elas estão lá...
Ricardo Letenski 06/01/20011
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